quinta-feira, abril 22, 2004

Perdida no meio dos sonhos encontro-te, uma e outra vez, sem cessar!
Volto ao lugar onde nos conhecemos, naquela noite escura, quando tudo começou!
Quando todo o meu mundo foi abalado pelo vento que trazias! Quando voltei a acreditar que existias!!
Ouvi-te, observei-te, senti-te!
Nada mais foi igual para mim!
Perco-me em cada sorriso, em cada olhar, em cada movimento do teu ser, que se esbate no nevoeiro que nos cerca!
Acordo! Abro lentamente os olhos, como que se quisesse ficar prendida no sonho, perto de ti.....
Mas o sol, acaricia-me a face, acorda-me lentamente deste sonhar desperto: ouço as ondas, sinto o sol, vejo a tua mão na minha.
Sou feliz
Porque és aquilo que quero: És o Sol! És a Lua! És o Mar!
O que sempre quis!!

domingo, abril 18, 2004

"Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia. "


Fernando Pessoa

terça-feira, abril 06, 2004

Quando uma simples lágrima não chega, para mostrar tudo aquilo que sinto!

Lá estou eu, encontro-me no meio da praia, com os pés enterrados na areia, e os olhos vidrados no céu, negro estrelado.
Sozinha, lá vou contando as estrelas, questionando-me sobre os mistérios do universo, pensando na razão do destino!
O vento leva-me as lágrimas que me caiem na face, numa infrutuosa tentativa de pintar um sorriso.... não consegue!
As ultimas tempestades tem levado, todos os dias, um bocadinho de mim. Já não consigo ouvir mais os trovões, ver os raios fulminantes ou até mesmo o simples cair da chuva.
Estou cansada, esta luta revela-se cada dia mais exaustiva e sem fim aparente.
Enterro mais os pés na areia, agora húmida e mais fria; fito os olhos no mar, que se encerra, bem à frente dos meus olhos!
Quando às vezes, o que mais apetece fazer é fugir, evadir-me do mundo! Lá encontro aquele céu infinito, aquele vento fresco, aquele mar profundo, que se unem, que me abraçam, que me dão força para me levantar e enfrentar a tempestade!

Uma última lágrima fica, vai ficando, até a tempestade terminar!

sexta-feira, abril 02, 2004

O nevoeiro que tinha vindo a sentir, começa-se a dissipar!
Como é tão bom sentir novamente a brisa do vento, a luz da lua, o brilho das estrelas a sorrirem para as almas que as procuram.
Sinto a força do futuro, como se de um raio de sol a iluminar-me a cara, se tratasse.
Belos dias virão, onde poderei abrir os braços para abraçar o vento, sem medos, ou subterfúgios!
Onde as palavras terão os seus significados, onde os sentimentos não serão catalogados!
A vida será vivida, como nunca antes, com a força do que é, e do que será!